Além de dados e projeções da indústria calçadista nacional, foram destaques na coletiva de imprensa realizada hoje (22) na BFSHOW, em São Paulo/SP, o impacto das enchentes para o setor no Rio Grande do Sul e a importância de defender a atividade da concorrência desleal, principalmente a imposta pelas plataformas internacionais de e-commerce, que atualmente estão isentas de impostos de importação em remessas de até US$ 50.
O presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, abriu o encontro com jornalistas nacionais e internacionais ressaltando os números do setor, que teve uma queda produtiva em 2023, de 2,3%, principalmente impactado pelo revés nas exportações, que caíram 16,6% naquele ano. Para 2024, no entanto, as expectativas são mais positivas. “Em 2024, a produção deve crescer entre 0,9% e 2,2%, puxada, mais uma vez, pelo mercado doméstico. O consumo interno deve ter um incremento entre 2,4% e 3,8%, enquanto as exportações devem registrar a segunda queda consecutiva, entre 5% e 9,7%”, comentou.
Segundo Ferreira, além do ambiente internacional de desaquecimento, especialmente em função dos juros nas principais economias, a normalização dos preços do frete – que tem proporcionado a reinserção da China no mercado internacional -, vem impactando na atividade a concorrência desleal com as plataformas internacionais de comércio eletrônico. “Não queremos benefícios, queremos ter condições de paridade para concorrer. Atualmente, a indústria nacional paga impostos em cascata, enquanto essas grandes plataformas enviam suas remessas de até US$ 50 com isenção total de imposto de importação. O fato vem prejudicando o setor”, alertou, ressaltando que a indústria calçadista nacional poderia crescer muito mais no mercado interno, não fosse essa concorrência predatória, especialmente com os calçados asiáticos. “Capacidade de crescer mais, nós temos, o que precisamos é de consumidores para os nossos produtos no mercado interno, inundado por produções asiáticas. Estamos exportando empregos”, concluiu.
O executivo da Abicalçados também falou sobre a desoneração da folha de pagamentos. Após um longo imbróglio com o Governo Federal, que ajuizou ação no STF para derrubar a renovação da medida, aprovada no Congresso Nacional, foi realizado um acordo com o Ministério da Fazenda para que a cobrança da alíquota sobre a folha de salários seguisse suspensa em 2024, passando a ter cobrança híbrida em 2025, 2026 e 2027, e voltando integralmente em 2028.
Sucesso e mudança para SP
O sucesso comercial e de visitação da segunda edição da BFSHOW e a mudança da feira definitivamente para a capital paulista foi tema da fala do CEO da NürnbergMesse Brasil, João Paulo Picolo. Com mais de 300 marcas de calçados de todo o Brasil, que respondem por mais de 80% da produção nacional de calçados, a BFSHOW deve receber mais de 10 mil pessoas durante seus três dias de realização (21 a 23 de maio). “A BFSHOW mostra a força da indústria calçadista nacional. Somente no primeiro dia (21), recebemos mais do que todo o público registrado na primeira edição, em Porto Alegre/RS”, comemorou.
O CEO ressaltou, ainda, a sustentabilidade do evento, já que a maior parte dos resíduos gerados, que podem ser reciclados, serão reaproveitados. “A gestão de resíduos é uma preocupação corrente na NürnbergMesse Brasil em todos os seus 14 eventos no Brasil”, acrescentou. Picolo também anunciou a mudança da feira para São Paulo. “A logística fica muito favorecida. A próxima edição da feira será realizada entre 11 e 13 de novembro, desta vez no Novo Distrito Anhembi, em São Paulo”, anunciou.
Orgulho e anúncio
A diretora de Negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Ana Repezza, destacou o orgulho de apoiar a BFSHOW, que deve receber mais de 300 compradores internacionais de 60 países. “Temos uma parceria de longa data com a Abicalçados, por meio do Brazilian Footwear, e devo dizer o orgulho que temos, pois é um projeto de destaque na Agência”, disse. Sobre a realização da feira, a diretora contou que conversou com muitos expositores e compradores. “As pessoas estão impressionadas com a organização e sobretudo com a resiliência das marcas gaúchas, que mesmo atingidas pelas enchentes fizeram questão de estar presentes”, pontuou.
Ana anunciou, ainda, um aporte de R$ 11 milhões para empresas de micro e pequeno portes atingidas pela catástrofe climática no Rio Grande do Sul. “Nos próximos dias, a ApexBrasil irá publicar uma instrução normativa para ajudar as empresas em ações comerciais para exportação, na compra de maquinários e matérias-primas”, adiantou.
Empresários
Construção coletiva do setor calçadista nacional, a BFSHOW contou com a presença de empresários de diferentes polos calçadistas e segmentos no seu encontro com a imprensa. Participaram Pedro Bartelle, CEO da Vulcabras, Ana Carolina Grings, vice-presidente da Piccadilly; Junior SIlva, diretor da Cromic Femme; Maria Colli, presidente da Pampili; Sergio Bocayuva, CEO da Usaflex; e Giuliano Spinelli, diretor da PG4 Galleria.
Solidariedade
Além de negócios e networking, os expositores, lojistas e importadores que visitam a BFSHOW podem ajudar as pessoas atingidas pelas enchentes por meio do engajamento no Movimentos Próximos Passos RS, criado pela Abicalçados em parceria com entidades da cadeia produtiva do calçado e empresários do setor. Na feira, estão espalhados totens com QR para realização de pix para o Movimento que está captando recursos financeiros que serão direcionados à reestruturação das condições de vida das famílias calçadistas impactadas.
A BFSHOW acontece até o dia 23 de maio de 2024, no Transamerica Expo Center em São Paulo. Faça o aqui o seu pré-credenciamento gratuitamente para visitar o evento e aproveitar as melhores oportunidades na maior feira calçadista do Brasil.